O milagre da Santa Missa

A mãe chegou à missa com as duas filhas menores. A mais velha estava no hospital, acompanhada pelo pai. Perguntei como estava a pequena Maria, e respondeu-me, com a voz embargada, que havia piorado. Na UTI, o pai acompanhava cada movimentação dos médicos e, a mãe, naquele momento, veio pedir a Deus que cuidasse da sua menina.

Rezamos pela Maria. Não era possível que algo ruim acontecesse com ela. Participava com os seus pais e com as suas irmãs da missa todos os domingos pela manhã, e, de repente, sem nenhum aviso, começou a passar mal e acabou na UTI, lutando pela vida.

A dor da mãe estava escancarada no seu olhar. Sentimentos de medo e tristeza, que povoavam o seu coração, não estavam sós, carregava também muita esperança. Deus é muito bom, pois faz com que a fé remova montanhas e, muitas vezes, precisamos atravessar momentos difíceis para poder experimentar as bênçãos abundantes em nossas vidas.

Pedi que, naquela semana, todos os que estavam na missa fizessem um compromisso comigo. Iríamos todos os dias rezar uma Ave-Maria pelos doentes de nossa paróquia, que são muitos e de todas as idades. Assim foi feito. É perceptível a força da oração de intercessão. Quando rezamos juntos, uns pelos outros, é como se as portas do Céu se abrissem e nossos pedidos chegassem ao coração do nosso Deus. Ele escuta uma oração sincera.

No dia seguinte, recebi uma notícia de que a Maria já estava melhorando. Dias depois a mãe me enviou um vídeo mostrando a saída dela do hospital. E ontem, na missa da noite, eis que chega toda a família para participar da missa, o pai, a mãe e as três filhas chamadas Maria. Sentaram no último banco da igreja e irradiaram alegria e gratidão a Deus pelo milagre acontecido.

A Santa Missa é lugar ideal para o encontro da comunidade com Deus e é ali que Jesus se faz presente de maneira plena. Ele está no meio do povo, pois disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estarei no meio deles”. E sempre está em nosso meio durante a Eucaristia, pois sentimos a sua presença amorosa a nos tocar.

O Senhor está na mesa da Palavra proclamada, muitas vezes como se estivesse falando só para nós. Ele sabe do que precisamos e nos ensina com autoridade. Fala palavras de vida eterna que ninguém nesse mundo consegue falar. Ensina-nos que: “A boca fala do que o coração está cheio”. E que precisamos amar a Deus, ao próximo e a nós mesmos, pois essa é a missão dos que acreditam no evangelho.

Faz-se presente na mesa da Eucaristia. Ali o banquete está completo e a festa está pronta. Toalha branca, velas acesas, flores, música, e o pão e o vinho já não representam mais as suas essências, mas são agora, realmente, o seu corpo e o seu sangue. Torna-se alimento para a nossa salvação.

Confesso que não consigo entender como podemos trocar esse banquete dos céus pelos banquetes da terra. Como podemos ficar em casa, sem nada de importante a fazer, sabendo que ali na igreja a festa está pronta e o cordeiro já foi imolado? O pão vivo descido do céu pronto para ser o nosso alimento e nós, na maior ingenuidade, buscando sermos saciados pelo pão dos homens.

Imagino a falta que deve fazer a eucaristia na vida das pessoas que buscam a Deus, mas não frequentam a Igreja. A fé em Jesus se faz também de busca e esforço pessoal. Ir à missa, rezar em casa, buscar os sacramentos, fazer caridade, estudar as escrituras, tudo isso faz parte da vivência católica. E temos uma Igreja de dois mil anos. Igreja dos apóstolos, dos mártires, dos santos, dos teólogos, dos missionários, do povo fiel que nunca deixou de ajudar na construção do Reino de Deus.

Por isso tenho convicção de que o Senhor ouviu os apelos daquela mãe na missa do domingo. Ouviu também as nossas súplicas e, com a sua mão misericordiosa, tocou a pequena Maria, tirando-a do perigo e dando condições para continuar a sua vida com a sua família.

Na missa, o padre age “in persona Christi”, que quer dizer, literalmente, na pessoa de Cristo. Só assim pode consagrar o pão e o vinho e transformá-los em corpo e sangue, só assim pode ensinar as escrituras e tocar o coração dos fiéis, só assim pode mediar as preces e depositá-las no coração do nosso Deus.

Isso não é um privilégio e nem uma vantagem sobre os outros fiéis. Não. Isso é vocação dada por Deus e aceita pelo homem sem querer nada em troca. É Sacramento da Ordem ministrado pela Igreja e para a Igreja. É em função de um povo crente em Jesus e que está a caminho nesse “vale de lágrimas”, com os pés na terra, mas o coração no Céu.

Fui dormir feliz no final da missa de ontem. Pude, mais uma vez, presenciar com os meus olhos a presença de Deus em nossa paróquia e ter a certeza de que, como nos diz São Paulo: “Tudo posso naquele que me fortalece”.

 

Padre Djalma Lúcio Magalhães Tuniz
Pároco de Américo de Campos e Pontes Gestal