Não é novidade que a Inteligência Artificial é um assunto cada vez mais recorrente no cenário eclesial. O Papa Francisco, para citar um exemplo, associou o tema à paz na mensagem dirigida ao mundo em primeiro de janeiro desse ano. “A minha oração é que o rápido desenvolvimento de formas de inteligência artificial não aumente as já demasiadas desigualdades e injustiças presentes no mundo, mas contribua para pôr fim às guerras e conflitos e para aliviar muitas formas de sofrimento que afligem a família humana”, escreveu o Pontífice à época.
A 61ª Assembleia Geral da CNBB igualmente abriu espaço para a discussão que remete à revolução tecnológica com implicações na dinâmica religiosa. Na segunda-feira, 15 de abril, o doutor Everthon de Souza Oliveira e o padre Danilo Pinto dos Santos; respectivamente, presidente da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC) e secretário do Instituto Nacional de Pastoral Pe. Alberto Antoniazzi (Inapaz), abordaram aspectos ligados à ética e à perspectiva pastoral. “É inequívoco que as inteligências artificiais presentes no cenário externo eclesial, possibilitarão novos desafios e oportunidades para ação evangelizadora da Igreja. Dilemas éticos, novas reflexões doutrinais, novas opções missionárias, alterações no ethos religioso católico e, mesmo, renovação da autocompreensão das pequenas comunidades marcarão ainda mais o cenário eclesial interno, dentro de alguns anos”, escreveram os expositores no artigo disponibilizado aos bispos sob o título de “Inteligência Artificial e Perspectivas Pastorais”.
A visão da Igreja
A quarta coletiva de imprensa, que seguiu imediatamente após a sessão realizada pela manhã, contou com a presença do presidente da Comissão para a Comunicação Social e bispo de Campo Limpo, Dom Valdir José de Castro. “Nós temos a satisfação de poder refletir, durante a Assembleia, esse tema tão atual, a Inteligência Artificial. O Papa Francisco tem incentivado a Igreja a entrar, refletir, pensar e agir pastoralmente levando em consideração a IA”, disse o bispo destacando a mensagem pelo Dia Mundial da Paz, já citada, e a proposta para o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais: “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”.
No diálogo com a imprensa, Dom Valdir sublinhou a necessária busca por formas em que a Igreja, “perita em humanidade”, possa ajudar a orientar eticamente o uso das Inteligências Artificiais. “Nós sabemos que a IA não tem ligação só com a comunicação. Ela está em tudo: na Medicina, nas Engenharias…”, refletiu. Ainda segundo o bispo, um segundo ponto de atenção seria como utilizar as Inteligências Artificiais para o serviço da Evangelização. “Vamos partir do positivo. Nós não podemos nos omitir. Como, da parte da Igreja, podemos humanizar a tecnologia? Não é negar as tecnologias, mas como usá-las, levando o coração humano e tornando a humanidade mais humana à luz de Jesus Cristo”, explicou o religioso.
Ainda no contexto da IA, Dom Valdir sintetizou alguns pontos a serem trabalhados também à luz da ética; tais como a transparência na utilização de dados, a inclusão, o uso responsável, a imparcialidade, a confiabilidade, a segurança e a privacidade. “Nós cristãos, da Pastoral, temos que trabalhar (esses pontos) e também usar (da mesma maneira)”, completou o bispo sublinhando elementos apresentados em sessão realizada nessa segunda-feira, 15 de abril.
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Pascom | Regional Sul 1 – CNBB